Bass Revolution - Filhos do Sangue

— Por que você hesita? — sussurrou a voz dentro dela, grave como um trovão distante e ao mesmo tempo doce como a lembrança de um lar esquecido.

Ela fechou os olhos. À sua frente, o espelho não refletia seu rosto — mas uma rachadura flamejante. E por trás dela, uma presença: o Dragão da Visão Selvagem.

— Porque se eu romper essas certezas, o que sobra de mim? — ela respondeu.

O Dragão se aproximou. Sua respiração fazia as estrelas ao redor vacilarem.

— Tudo o que sobrar será verdadeiro. Não te ensinaram que quebrar é perigoso? Mentiram. O perigo está em não quebrar.

E então, a imagem da mulher no espelho se fragmentou. Cada estilhaço carregava uma crença: “Eu sou assim”, “Eu nunca conseguiria”, “Isso é impossível”, “Não tenho escolha”.

Ela inspirou. E pela primeira vez, não se agarrou a nenhuma.

Foi nesse instante que o fogo atravessou seu peito.

Não era destruição. Era revelação.

Toda realidade é uma dança entre percepção e presença. Mas para mudar o mundo fora, é preciso primeiro desmanchar os muros dentro. Não há magia mais poderosa do que aquela que nasce do vazio onde antes habitava uma certeza.

Ela sorriu. Não porque sabia para onde ia. Mas porque, finalmente, sabia que não precisava mais fingir que sabia.

E quando olhou outra vez, o espelho já não existia.

Só a passagem.

– História puramente fictícia… ou não. –

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