Antes do nome, antes da carne, antes do eco das vozes que nos moldaram... havia apenas o silêncio pulsante do Vazio. E ele não era ausência. Era potência. Era origem. Era tudo.

O Vazio é o primeiro ancestral, não por gerar com as mãos, mas por conter, em si, o sonho de tudo o que poderia ser. Dele emergimos, como faíscas num oceano de escuro fértil. Nele repousa a memória de quem somos quando não estamos tentando agradar, repetir, obedecer ou pertencer.

Somos feitos da mesma matéria do Vazio. Por isso, ao tocá-lo, não nos desconectamos do mundo — voltamos para casa.

E quando o sangue se agita, com seus gritos herdados e pactos antigos, é o Vazio que nos devolve o silêncio necessário para escutar quem sempre fomos, antes da dor, antes da máscara, antes da história.

Porque há um momento em que é preciso deixar de ser apenas herdeiro — e tornar-se fonte.
Há um instante em que o sangue deixa de ditar o caminho — e o Vazio volta a sussurrar novas possibilidades.

Voltar ao Vazio é voltar ao início de tudo.
E talvez, no fim de tudo… ainda sejamos apenas isso:
filhos do Vazio, sonhando o mundo novamente.

– História puramente fictícia… ou não. – @alentododragao